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Apropriação Tecnológica e Resistência Quilombola no Contexto Digital: Desafios e Alternativas para Comunidades Negras na Era da Informação

Autor: Amin X

Introdução

A era digital trouxe uma nova forma de colonização, invisível aos olhos, mas poderosa em sua capacidade de controlar a comunicação, os dados e o comportamento de bilhões de pessoas. As tecnologias digitais, que se apresentam como instrumentos de conexão global, escondem em seus sistemas uma profunda relação de exploração e vigilância. Para as comunidades negras, diaspóricas e continentais, a apropriação dessas tecnologias é urgente, principalmente no contexto da pandemia de saúde, em que a única presença possível ocorre por meio desses recursos. No entanto, o controle dessas ferramentas está nas mãos de grandes corporações que lucram massivamente com as interações que deveriam, muitas vezes, pertencer exclusivamente aos nossos espaços.

Neste artigo, discuto como as empresas conhecidas pelo acrônimo GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) reproduzem, no campo digital, as mesmas dinâmicas de dominação e controle que caracterizaram o colonialismo histórico. Argumento que a adoção de tecnologias proprietárias continua a alimentar as estruturas de poder da supremacia branca, ao passo que apresento o software livre como uma alternativa de resistência e reapropriação de territórios digitais.

A Colonização Digital e o Latifúndio Virtual

Historicamente, o racismo se adaptou às novas circunstâncias de dominação e controle. No contexto tecnológico, isso se manifesta pela concentração do poder digital nas mãos de poucas corporações, tornando a internet comparável a um latifúndio. Assim como nas terras físicas, o controle dessas terras digitais é exercido por uma elite empresarial, que detém o monopólio das plataformas mais utilizadas pela população mundial.

O sistema Windows, por exemplo, é o padrão nos computadores pessoais, empurrado aos usuários como única opção viável. Isso não é apenas uma imposição tecnológica, mas uma estratégia que garante o controle sobre o uso desses dispositivos. O Windows é, em si, inseguro, gerando a necessidade de antivírus que, por sua vez, são ineficazes contra as ameaças criadas pelo próprio sistema. Essas dinâmicas se repetem em plataformas de comunicação como Facebook, Instagram e WhatsApp, que armazenam, analisam e comercializam nossos dados com fins de lucro e vigilância.

O controle das tecnologias digitais por essas corporações reproduz o que Achille Mbembe chamou de "necropolítica", em que a tecnologia é usada para controlar não só o território, mas as formas de vida e sobrevivência das populações subalternas. O racismo digital, portanto, se expressa na forma como nossos dados são sequestrados e explorados sem que tenhamos a capacidade de nos proteger ou escapar desse ciclo vicioso.

O GAFAM e a Exploração de Dados

As cinco grandes corporações que compõem o GAFAM—Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft—detêm o controle da maioria das interações que ocorrem na internet. Essas empresas são as novas potências coloniais, exercendo seu poder de forma sutil, mas igualmente violenta. Um exemplo claro dessa dominação foi a Guerra dos Navegadores, quando as grandes empresas disputaram o controle da internet, moldando o que hoje conhecemos como o território digital.

Hoje, esse poder se reflete no controle das informações pessoais. Cada clique, cada pesquisa, cada compra é monitorada, catalogada e vendida, gerando perfis de consumo que são explorados por essas corporações. As consequências disso são visíveis nas estratégias de marketing digital, em que produtos aparecem automaticamente em nossas redes sociais após uma simples pesquisa no Google ou em um navegador. Essa prática não só fere o direito à privacidade, como também perpetua as estruturas de exploração ao transformar nossas necessidades e desejos em mercadorias.

Software Livre e a Resistência Tecnológica

No entanto, existe uma alternativa para essas dinâmicas de controle: o uso de tecnologias livres. O movimento de software livre, representado por sistemas como GNU/Linux, oferece um modelo de desenvolvimento tecnológico baseado na colaboração, na liberdade de uso e na transparência. A diferença entre o software proprietário, controlado por empresas como as do GAFAM, e o software livre está nos princípios filosóficos que orientam sua criação.

O software livre não só permite que qualquer pessoa use o programa sem pagar, como também dá ao usuário a liberdade de estudar, modificar e compartilhar o código. Isso gera um ambiente de segurança colaborativa, em que as vulnerabilidades são resolvidas rapidamente pela própria comunidade de usuários. Essa filosofia de autonomia tecnológica ressoa profundamente com as lutas históricas dos povos quilombolas e indígenas pela retomada de seus territórios.

Ao usar software livre, as comunidades negras e outras populações marginalizadas podem começar a reapropriar o espaço digital, protegendo suas informações e criando redes de comunicação mais seguras. Além disso, o software livre oferece a oportunidade de construir soluções tecnológicas que atendam às necessidades específicas dessas comunidades, rompendo com a dependência das grandes corporações.

Quilombismo Digital: Um Caminho para a Autonomia

Seguindo o exemplo dos quilombos, que resistiram ao colonialismo ao criar territórios autônomos, o movimento por uma internet livre e segura pode ser entendido como uma forma de quilombismo digital. Abdias do Nascimento descreveu o quilombismo como um modelo de resistência coletiva, em que o valor da liberdade é inegociável. No contexto digital, essa filosofia nos ensina a não aceitar passivamente as imposições tecnológicas das corporações, mas a lutar pela construção de um espaço digital em que nossas comunidades possam existir em liberdade.

Para alcançar essa liberdade, é necessário educar nossas comunidades sobre o uso consciente das tecnologias. Isso envolve não apenas o ensino de ferramentas e plataformas livres, mas também uma compreensão crítica das dinâmicas de exploração que estão em jogo. Devemos nos basear em modelos filosóficos que nos conectem com nossas raízes de resistência, tal como a quilombagem e o quilombismo, para criar um futuro digital que respeite nossos valores e promova a liberdade.

Conclusão

A apropriação tecnológica é, mais do que nunca, uma necessidade para as comunidades negras, tanto na diáspora quanto no continente africano. As grandes corporações que dominam o espaço digital lucram com a exploração de nossos dados e com o controle de nossas comunicações, perpetuando as estruturas de opressão que caracterizaram o colonialismo. No entanto, o software livre oferece uma alternativa viável, permitindo que retomemos o controle sobre nossas interações digitais e construamos um espaço de comunicação autônomo e seguro.

Seguindo o exemplo dos quilombos, devemos lutar pela construção de um território digital em que a liberdade seja central, e as tecnologias sejam utilizadas para fortalecer nossas comunidades, em vez de explorá-las. Somente assim poderemos enfrentar o poder das corporações e garantir que as tecnologias sejam usadas para o bem-estar coletivo, em vez de para o lucro individual.


Essa versão busca organizar suas ideias em uma estrutura mais formal, conectando-as a referências teóricas e abordagens filosóficas para transformar o texto em um artigo acadêmico com argumentação mais estruturada. Se quiser mais alguma revisão ou adição, me avise!