Carta aos irmãos, Pais pretos nas Áfricas
Minhas vivências e experiências me fizeram grandes e tão pequenos ao mesmo tempo. Compreendo as várias conversas com meu mestre, vejo todas suas falas ganharem corpos. Caminhei bastante até aqui, quem me conhece sabe o tanto que me doei pra chegar nesse nível de construção. Todas as dores me prepararam pra mais difícil tarefa do homem preto, ser pai, Pra obter êxito nessa função, alcançamos os maiores e mais pesados tipos de dores. Nosso preparo psicológico e ancestral é cobrado a todo plano, talvez quando passamos a ser escolhido para a continuidade da tradição e da vida dos africanos, quer seja na diáspora e continente, é com a paternidade que compreendemos o peso do racismo, e o quanto estamos despreparados e distante um dos outros, dai venho a concordar que o problema do negro é o problema do homem negro.
A masculinidade negra precisa ser muito trabalhada, porem somos muitos distantes uns dos outros, ficando fácil pra alienação parental por exemplo, no atingir com força total, nos levando a reproduzir diversas mazelas. Mazelas essas que precisamos nos livras, se percebermos todas essas, são influenciadas pela branquitude, pelo modos operantes dessas forças estruturais construídas pelos supremacistas, e seu principal objetivo é nos apregoar a mira na testa, colocando os homens pretos no foco de qualquer tipo de arma destruidora, viramos alvos facilmente, por que nos condicionaram a atacar, e se atacamos primeiro explanam nossa localização, como diz na letra de rap.
Em suma, falhamos muito nesse papel de pai, falhamos com nossas companheiras, com nosso povo. porem afirmo fortemente que, a estrutura nos leva a cada vez mais ficar próximos desse erro. E como povo cabe a todos nos buscarmos essa localidade psicológica tão lembrada pelas ideias da afrocentricidade internacional de Molefi. Acredito que o Pan-africanismo nacionalista negro, é o caminho pra elucidar nossa caminhada, mesmo cansados, desistabilizados emocionalmente e com nosso psicológico abalado, precisamos saber nosso lugar de africanos nessa babilónia, Espero muito que nesse momento de reflexão e guerra silenciosa que estamos vivendo, nós homens pretos, passemos a pensar cada vez mais na importância de discutir género através da masculinidade negra e que aprendemos e nos permitimos cuidar por nossas irmãs pretas, que estejam sintonizada na função do único caminho para o povo preto, o AUTOCUIDADO, que estamos por nossa própria conta, já estamos sabendo faz tempo, mesmo que muitas das vezes desenvolvemos síndromes que fazem amar quem nos oprime, esta mais que na hora de nos olharmos nos olhos e perceber que nos homens negros estamos acometidos pelas doenças coloniais e precisamos, nos juntar pra falar sobre isso.
Eu sinto as dores e a dificuldade de ser pai, homem preto, e um sonhador, nessa babilônia embranquecida chamada brasil. sinto a distância geográfica e psicológica no exercício de ser pai, mesmo nem se comparando com a dificuldade de ser mãe mulher negra, coisa que nós nunca saberemos de perto o que é. Mas como povo podemos está cada vez mais consciente que se um cai todos sentiram. estamos umbilicalmente ligados, homem preto e mulher preta. Para compreender todas as partes, precisamos tratar de nossas especificidade, apontando a coletividade tão essencial continuarmos vivos e sobrevivendo!
Não precisamos nos sentir tão só nessa função, vamos falar sobre isso, Masculinidade preta é uma reflexão ação necessária demais pra se minimizado.
Máximo respeito a todas as Irmãs que fortalecem nesse entendimento rico e necessário
Mil Onilètó