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Título: Análise Comparativa do Racismo Estrutural em Muniz Sodré, Silvio Almeida e Herts Dias à Luz da Metáfora de Mil Onilètó

Resumo: Este artigo analisa o debate sobre a natureza do racismo — se é ou não estrutural — a partir das perspectivas de Muniz Sodré, Silvio Almeida e Herts Dias. A discussão é enriquecida pela proposta de Mil Onilètó, que compara o racismo ao ciclo da água, enfatizando sua fluidez nas estruturas sociais e institucionais. Esta análise busca estabelecer correspondências e divergências entre esses autores, contextualizando suas contribuições no cenário contemporâneo das relações raciais.

  1. Introdução

O racismo persiste como um dos maiores desafios sociais do Brasil, exigindo uma análise crítica e multifacetada. Enquanto alguns estudiosos, como Muniz Sodré, Silvio Almeida e Herts Dias, exploram as dimensões estruturais do racismo, Mil Onilètó apresenta uma perspectiva inovadora ao compará-lo ao ciclo da água. Esta metáfora líquida reflete as constantes mutações que o racismo sofre na modernidade e suas manifestações nas instituições e nas relações sociais.

  1. A Visão de Muniz Sodré

Muniz Sodré argumenta que o racismo é um fenômeno estruturante, enraizado nas instituições e na cultura da sociedade brasileira. Ele enfatiza que as narrativas midiáticas e a comunicação desempenham um papel central na perpetuação das desigualdades raciais. Sodré vê o racismo não apenas como uma questão de atitudes individuais, mas como uma configuração social que atravessa as instituições e molda as interações sociais. Neste sentido, a resistência ao racismo deve envolver não apenas a desconstrução de imagens e discursos, mas também a reestruturação das instituições que o sustentam.

  1. A Perspectiva de Silvio Almeida

Silvio Almeida, por sua vez, reforça a ideia de um racismo estrutural, destacando as interseções entre raça, classe e opressão. Almeida argumenta que o racismo não é apenas uma questão de discriminação individual, mas sim uma dinâmica que está profundamente entranhada nas estruturas sociais e econômicas. Ele propõe uma análise crítica das políticas públicas e das práticas institucionais que perpetuam desigualdades. Além disso, Almeida enfatiza a necessidade de um combate ao racismo que reconheça sua complexidade e suas múltiplas manifestações, sugerindo que a transformação social deve ser uma resposta sistemática e coletiva.

  1. A Contribuição de Herts Dias

Herts Dias complementa essa discussão ao focalizar as interações cotidianas que dão vida ao racismo estrutural. Ele explora como as práticas diárias, muitas vezes invisíveis, reforçam as hierarquias raciais. Dias observa que, mesmo em contextos de aparente igualdade, as relações raciais são moldadas por uma história de opressão que se manifesta nas microinterações. Essa abordagem revela a profundidade do racismo como um fenômeno que se insere em diferentes camadas da vida social e, portanto, deve ser combatido em múltiplas frentes.

  1. A Metáfora do Ciclo da Água de Mil Onilètó

Mil Onilètó propõe que o racismo se assemelha ao ciclo da água, onde a forma que assume depende do ambiente e das condições sociais. Assim como a água pode ser vapor, líquido ou gelo, o racismo também se transforma e assume diferentes formas dependendo do contexto. Essa fluidez está alinhada com a ideia da modernidade líquida, onde as estruturas sociais são móveis e adaptativas. A metáfora de Onilètó destaca que, embora o racismo tenha raízes profundas, sua expressão e manifestação podem variar, exigindo uma abordagem flexível e contextualizada para combatê-lo.

  1. Convergências e Divergências entre os Autores

A análise conjunta dos quatro autores revela uma estruturação do racismo que é tanto líquida quanto sólida. Enquanto Sodré e Almeida enfatizam a permanência da estrutura racista nas instituições, Herts Dias e Mil Onilètó nos lembram da necessidade de entender a fluididade desse fenômeno nas relações sociais. Todos concordam que a crise da modernidade também afeta a expressão do racismo, mas diferem quanto à ênfase: enquanto alguns se concentram na estrutura, outros ressaltam a dinâmica das relações sociais.

  1. Implicações para o Combate ao Racismo

A integração dessas perspectivas sugere que um entendimento abrangente do racismo deve reconhecer tanto suas características estruturais quanto a sua fluidez. Um combate efetivo ao racismo deve, portanto, envolver mudanças nas instituições e um reconhecimento das microdinâmicas sociais que sustentam o preconceito racial. Abordagens interdisciplinares, que considerem as narrativas midiáticas, as

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